terça-feira, 30 de setembro de 2014

Resumo Psicologia

Período – Sensório-motor

O primeiro dos 4 estágios do desenvolvimento cognitivo é o estágio sensório-motor. Este estágio compreende desde o nascimento até os 2 anos de idade e a partir dele conseguimos entender como o bebê se desenvolve na primeira infância através do desenvolvimento sensorial e motor, ou seja, os bebês aprendem por meio do desenvolvimento de seus sentidos e da atividade motora.

Para Piaget este estágio é composto de seis subestágios que se inicia desde comportamentos básicos até os mais complexos. Piaget explica que nos 5 primeiros subestágios os bebês aprendem a coordenar as informações do sentido e organizar suas atividades em relação ao seu ambiente – Sensação e Percepção. Já no sexto subestágio, eles progridem da aprendizagem por tentativa e erro para utilização de símbolos e conceitos para resolver problemas simples.


2.2. Subestágios do Estágio Sensório-Motor:


- Primeiro subestágio (Do nascimento até aproximadamente 1 mês) - Neste primeiro momento os bebês exercitam os seus reflexos inatos e começam a ter um controle maior sobre eles. Mesmo assim, ainda não conseguem coordenar as informações dos sentidos e não pegam objetos que estão olhando. Um exemplo deste estágio é quando os lábios do recém-nascido são tocados e ele começa a sugar. 

- Segundo subestágio (1 a 4 meses) - Os bebês aprendem a repetir sensações boas descobertas por acaso. Piaget chamou isto de reação circular primária. O bebê começa a se atentar aos sons e agarrar objetos, além de começarem as primeiras adaptações. Um exemplo deste subestágio é quando o bebê suga o polegar.

- Terceiro subestágio (4 a 8 meses) - Neste subestágio os bebês vão se interessar mais pelo ambiente e tendem a repetir e prolongar experiências mais interessantes. Observa-se que o bebê faz isso de forma intencional. Como exemplo, podemos citar o fato de sacudir um chocalho ou balbuciar quando vê o rosto de alguém.

- Quarto subestágio (8 a 12 meses) - O comportamento do bebê se torna mais intencional a partir das experiências e comportamentos já aprendidos para atingir os seus objetivos. Os bebês começam a expressar os seus desejos, com isto, neste momento começam a engatinhar para alcançar e pegar o que querem ou se afastam de algo que os atrapalhe. Um exemplo deste subestágio é quando o bebê engatinha para pegar um brinquedo.

- Quinto subestágio (12 a 18 meses) - Este subestágio está ligado à tentativa e erro. Os bebês demonstram curiosidade e experimentam novas experiências e comportamentos para ver o que acontece. Quando começam a caminhar, os bebês expressam suas vontades com mais facilidade e conseguem explorar mais o ambiente que está. Um exemplo deste subestágio é quando a criança aperta um pato que chiou quando ela pisou.

- Sexto subestágio (18 a 2 anos) - É o último subestágio que vem como uma transição para o estágio pré-operatório e para a segunda infância. A criança desenvolve a capacidade representacional, ou seja, já são capazes de representar mentalmente objetos e ações na memória, além de utilizar palavras, gestos e símbolos. São capazes de imitação diferida, isto é, imitar algo que não está na sua frente. Um exemplo deste subestágio é quando a criança brinca de faz de conta.


3. Alguns Conceitos 


Para Piaget em cada estágio a mente da criança desenvolve uma nova forma de interagir com o meio que está. Da infância à adolescência seu aprendizado evolui baseado em atividade sensório-motor ao pensamento lógico-abstrato. Esse desenvolvimento acontece por meio de três princípios inter-relacionados. Segundo Papalia (2010), esses princípios são definidos por Piaget da seguinte forma: 

- Organização é a integração do conhecimento a um sistema para compreender o ambiente; 
- Adaptação é o ajustamento a novas informações sobre o ambiente através dos processos complementares de assimilação e acomodação. Assimilação é a incorporação de novas informações a uma estrutura cognitiva já existente. 
- Acomodação são as mudanças em uma estrutura cognitiva existente para incluir novas informações; 
- Equilibração é a tendência de tentar atingir um equilíbrio entre elementos cognitivos dentro do organismo e entre ele e o mundo exterior. 

O conceito de objeto é uma das bases para o desenvolvimento do conhecimento de uma criança, pois a partir dele elas começam a perceber que existem diferenças entre o próprio objeto e as pessoas. E esse era uma das ideias de Piaget na Teoria dos Estágios, onde para ele os bebês desenvolviam seus conhecimentos sobre o objeto e o espaço a partir de seus resultados, ou seja, pela questão visual e motora. 

Segundo Papalia (2010), Piaget define permanência do objeto como “a compreensão de que um objeto ou uma pessoa continua existindo mesmo quando não se pode vê-la”. Piaget diz que “a permanência do objeto desenvolve-se gradualmente durante o estágio sensório motor”. 

Levando em consideração esse pensamento e os subestágios do estágio Sensório-Motor, percebe-se que inicialmente os bebês não têm essa compreensão e no decorrer dos primeiros meses vão se adaptando e interagindo com o meio, desenvolvendo-se. Entre 4 e 8 meses os bebês buscam algo para derrubar, mas se não conseguem vê-lo, agem como se o objeto não existisse ou como se não estivesse ali. Já com 8 a 12 meses os bebês já buscam objetos onde viram pela primeira vez, mesmo se alguém mudou de lugar (Entra a questão de tentativa e erro). Já entre 12 e 18 meses os bebês não cometem o mesmo erro, pois buscam o objeto no último lugar onde foi colocado e não onde viu primeiro. E então entre 18 e 24 meses o bebê já tem a permanência do objeto, pois procuram o objeto mesmo que não tenham visto. 


4. O brinquedo e o desenvolvimento infantil 


Ao retratarmos o Estágio Sensório-Motor, de 0 a 2 anos, podemos pensar em diversos brinquedos que nos fazem acreditar na possibilidade de contribuição para o desenvolvimento e aprendizado das crianças. É possível listar uma série de brinquedos que, para os leigos, apenas “agradam, entretém e ocupam” a criança enquanto brinca. Mais que isso, os brinquedos revelam-se como grandes auxiliadores no desenvolvimento emocional, cognitivo e social. No entanto, eles apenas fazem parte do processo, não sendo, portanto, os únicos responsáveis pelo desenvolvimento da criança no nesse primeiro estágio do desenvolvimento. O brinquedo é apenas um objeto para os adultos. Ou não. Existe uma série de significados na relação entre ele e a criança que poderá perdurar até mesmo à fase adulta. Segundo Vygotisky (1991) “restariam apenas as regras se o brinquedo fosse estruturado de tal maneira que não houvesse situações imaginárias”. 

As situações imaginárias são compreendidas nesse período principalmente. Se o real começa a surgir na criança, na sua maneira de perceber o mundo, um pouco mais tarde, dos 4 aos 7 anos, período no qual elas são capazes de distinguir as diferenças entre a fantasia e a realidade, o imaginário ou a fantasia estão fortemente inseridos na primeira infância – de 0 a 2 anos. 

Com isso, se faz possível a interpretação de que a fantasia é capaz de facilitar e tornar mais atraentes os atributos de um brinquedo perante a criança, ávida por novas experiências e exploração dos seus sentidos. Na definição de Psicologia Sensorial proposta por Cabral e Nick (2006) vê-se uma menção às “(...) reações psíquicas do homem aos fenômenos físicos por ele observados e absorvidos através dos órgãos sensoriais (visão, audição, tato, cinestesia, olfato, etc.)”. O afeto se fará presente a partir da percepção e dos significados dados ao objeto inserido nas ações da criança realizadas durante o ato de brincar. Hoje é comum observarmos a onda saudosista e nostálgica ocupando as redes sociais – como o Facebook – com publicações sobre brinquedos e produtos relembrando épocas de infância e revelando o afeto tido não só pelos objetos em si, mas, também pela época e momentos vividos. 


Por mais que o exemplo mencionado seja o de um brinquedo direcionado a uma faixa etária superior à primeira infância, será que as crianças do estágio sensório-motor não são capazes de criar vínculos menos complexos com seus brinquedos? As crianças nesse estágio ainda não serão capazes de fixar o afeto pelos seus brinquedos, levando-o à vida adulta, mas, poderão sim desenvolvê-lo no presente, durante essa fase, contribuindo para o desenvolvimento das relações afetivas posteriores.

Além das questões emocionais, os brinquedos adequados ao nível desenvolvimental da criança deverá proporcionar o seu desenvolvimento social e cognitivo. Para uma criança de 0 a 2 anos o Desenvolvimento Social se dará pela interação familiar – pais, irmãos , tios, primos e amigos próximos – principalmente. Muitas vezes, a utilização do brinquedo nessa interação propiciará esse desenvolvimento. Já o Desenvolvimento Cognitivo estará presente em conjunto com o Emocional e Social, uma vez que o Desenvolvimento é integral e não fracionado. 

4.1. O Brinquedo – O Cavalinho Upa Upa
Pensar em um brinquedo como ponto básico para uma análise mais profunda sobre a sua relação com a Teoria dos Estágios de Piaget, em específico o Sensório-Motor, listamos uma série de brinquedos que contemplassem formas observáveis do Desenvolvimento Emocional, Social e Cognitivo Humano. Enfim detectamos que o brinquedo Cavalinho Upa Upa poderia nos levar a considerações importantes sobre a Teoria e a utilização benéfica do brinquedo como item auxiliador do desenvolvimento das crianças nesse estágio.


O Cavalinho Upa Upa é a formato mais recente de um brinquedo tradicional, O Cavalinho de Madeira. As sutis diferenças entre eles vão além do formato e função. De maneira geral são semelhantes no propósito, mas, propiciam uma utilização diferenciada.

Sendo o Cavalinho Upa Upa um brinquedo inflável e de formato anatômico (estética arredondada e com visual mais atraente dadas suas cores e desenhos), ele se diferencia pelo fato de não movimentar-se – movimento de balanço como o Cavalinho de Madeira – mas, permite que a criança o utilize apoiando os pés no chão. 

Outro atributo importante que devemos destacar é o sinal sonoro que ele emite quando pressionado. O sinal sonoro reproduz o som emitido por um cavalo real.



Por mais que seja esse um brinquedo simples em suas formas e funções, o Cavalinho Upa Upa pode ser um aliado interessante no Desenvolvimento da Criança principalmente do 4º ao 6º Subestágio do Estágio Sensório Motor – dos 8 aos 24 meses, considerando o período em que o sistema corpóreo e intelectual da criança já estará preparado para perceber as possibilidades de utilização do brinquedo. 



4.2. O Brinquedo e os Aspectos do Desenvolvimento 


O Desenvolvimento Humano ocorre de maneira gradual conforme exposição ao meio e percepção de estímulos, nível desenvolvimento e questões de hereditariedade. Levando em conta esse princípio, buscamos elencar a forma como o brinquedo “Cavalinho Upa Upa” pode contribuir para o desenvolvimento da criança durante o Estágio Sensório-Motor:

4.2.1. Aspectos Cognitivos 

- Uma brincadeira comum a ser feita com os bebês, geralmente de 6 a 8 meses, é o Cavalinho no Colo. O adulto apoia a criança sentada em seu colo, ou uma das pernas, e imita o movimento de galope. 

- Aos 12 meses o bebê não consegue brincar sozinho com o Cavalinho Upa Upa, mas já possui noção de Objeto e de Espaço. 

- Adaptação: Assimilando com a brincadeira de Cavalinho no Colo a criança poderá se interessar pelo novo brinquedo – nova forma de brincar – adaptando uma informação percebida e adaptando essa forma para o novo. 

- Desenvolvimento Físico: Aos 12 meses o bebê já engatinha. Com isso, tenta brincar com o Cavalinho Upa Upa e essa experiência o impulsiona a se adaptar fisicamente para brincar sozinha. Assim que ele reunir condições de brincar adequadamente com o Cavalinho Upa Upa a criança exercitará a musculatura das pernas – visto que apoio os pés no chão para isso – o que a auxiliará no aprendizado do andar e na obtenção de equilíbrio. Ela terá contato com os sons emitidos pelo brinquedo, podendo reproduzi-los posteriormente (imitação retardada). 

4.2.2. Aspectos Emocionais 

- Criação de vínculo emocional devido a possibilidade e garantia de novas experiências por se tratar de um objeto novo em seu ambiente. Com a criação do vínculo emocional, a criança poderá sentir falta do brinquedo uma vez que, com 12 meses, terá desenvolvido a Permanência do Objeto. 

- Assimilação: Possibilidade de assimilação entre o brinquedo e o animal real – dependendo da exposição da criança ao ambiente comum dos cavalos, a fazenda. 

- Egocentrismo: Por seu um brinquedo dele, do tamanho dele, o bebê poderá perceber que se trata de algo que é exclusivamente para ele, reforçando o egocentrismo presente nessa faixa etária. 

4.2.3. Aspectos Sociais 

- Retratação de ambientes conhecidos: contato com animais reais; inserção de ambientes imaginados – Pura Fantasia; 

- Egocentrismo: Tendo em vista que a criança “já sabe” – muito reforçado pelos pais – brincar sozinha os elogios serão uma recompensa 

- Os elogios como forma de recompensa podem ser considerados como “atenção” no ambiente familiar, com uma proposta de interação social. 

- A criança poderá brincar de cavalinho de outras formas, com outras pessoas em seu ambiente familiar.


4.2.4. Cavalinho Upa Upa – Outra forma de brincar

Com a necessidade de se pensar em outra forma de utilização do brinquedo além da maneira convencional, identificamos a possibilidade de transformação do Cavalinho Upa Upa em um balanço. 

O brinquedo sofreria uma adaptação. Seria necessário amarrá-lo em cordas e em uma haste resistente para fixá-lo na parede ou no teto. Assim, ele não perderia os seus atributos originais, apenas a forma de brincar é que seria modificada.
Vale ressaltar que a mudança no formato do brinquedo talvez não atendesse a faixa etária de 0 a 2 anos. Os bebês dessa idade ainda não tem firmeza suficiente para se segurar e brincar sozinhas em um balanço que não garantiria a segurança e proteção necessárias. O Cavalinho Balanço não seria um brinquedo indicado para crianças dessa faixa etária. 


Entretanto, considerando o avanço dos Estágios do Desenvolvimento, as crianças do estágio pré-operatório poderiam utilizá-lo e o brinquedo que foi útil no Estágio Sensório-Motor poderia continuar fazendo parte do ambiente e das brincadeiras da criança – inicialmente sob a supervisão dos pais até que elas consigam brincar sozinhas ou com outras crianças. 

Vemos que a forma de utilização do Cavalinho Balanço poderia auxiliar o Desenvolvimento da Criança com, basicamente, os mesmos aspectos que o Cavalinho Upa Upa. Porém, o que seria agregado na utilização sugerida é a experimentação de novas sensações (ocasionadas na ação de balançar) e o desenvolvimento da confiança. 


5. CONCLUSÃO 


Concluímos que a realização desse trabalho de pesquisa e prática nos trouxe uma visão privilegiada sobre a nossa atuação como Psicólogos em formação, pois, tivemos a oportunidade de estudar e observar a aplicação dos conceitos propostos por Piaget sobre o Estágio Sensório-Motor. 

Salientamos a eficiência de brinquedos e maneiras de brincar no Desenvolvimento da criança que esteve em foco, desde que o brinquedo esteja adequado ao seu nível desenvolvimental. 

A partir desse trabalho sabemos que os “brinquedos não mais serão os mesmos”. Caberá sempre uma nova observação, orientação e vislumbre de possibilidades para a sua utilização benéfica. 

Por mais simples que seja a ideia em si desse trabalho que nos foi proposto, ele se fez bastante importante para o estudo e compreensão dos conceitos e a comprovação de sua veracidade. Podemos aqui estabelecer uma clareza maior sobre os temas do estudo do Desenvolvimento Humano, haja vista a necessidade de prosseguir nos estudos acadêmicos dos próximos estágios propostos por Piaget e outros teóricos até que se haja uma melhor noção do que ocorre com o indivíduo até a sua fase adulta. 


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

· CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário técnico de psicologia. 14ª Edição. São Paulo. Editora Cultrix, 2006. 

· BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 14ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2008. 

· PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 10ª Edição. Porto Alegre, 2010. 

· VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. Texto base digitalizado pela Seção Braille da BPP / Curitiba. 4ª Edição Ebook. São Paulo, 1991. 

Dia 28/04/2013 às 20h38m. 



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